Efeitos do isolamento social desafiam a alfabetização

14/11/2021 09h50 ⋅ Atualizada em 16/11/2021 09h51

Educação, Alfabetização, Pandemia, UNITAU

 

Durante a pandemia da Covid-19, a educação enfrentou grandes dificuldades por conta das restrições impostas. Uma delas foi o fechamento das escolas. A falta de contato entre aluno e professor, as falhas na comunicação no método virtual e o pouco tempo em sala de aula deixaram o processo de alfabetização mais desafiador do que já era.

No dia 14 de novembro, comemora-se o Dia Nacional da Alfabetização, que foi criado em homenagem à fundação do Ministério da Educação e Cultura (MEC). A data tem o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da implantação de melhores condições de ensino e aprendizagem no país.

De acordo com a Profa. Ma. Cássia Elisa Lopes Capostagno, especialista em Psicopedagogia e docente no curso de Pedagogia da Universidade de Taubaté (UNITAU), o isolamento social e a falta de acesso imediato aos professores dificultaram muito a alfabetização da primeira infância. “Muitas crianças não tinham recursos para acessar as atividades em meio online. O contato no dia a dia ficou extremamente prejudicado, já que não podíamos ir até a escola. Agora que conseguimos voltar às atividades presenciais e as crianças têm acesso ao material impresso, o ensino ficou mais eficaz e as crianças aprenderam com êxito, além de se sentirem muito mais acolhidas”, declara.

A criança é curiosa por natureza, então, se desde a infância ela é ensinada e motivada com histórias e brincadeiras lúdicas, a alfabetização acontece de forma rápida e natural. “Para que a criança possa chegar à base alfabética, é muito importante que ela esteja imersa em um ambiente alfabetizador. Ou seja, os alunos devem estar em contato com os materiais escritos, com os portadores de textos e com os mais diversos gêneros textuais, para que ela possa observar a função social da escrita e da leitura”, explica a especialista.

Para a psicóloga atuante no campo da psicologia escolar e educacional e da análise do comportamento, Profa. Ma. Fernanda Cardoso Fraga Fonseca, docente na UNITAU, “Os pais tiveram um papel importantíssimo durante o isolamento social porque, como seus filhos não iam à escola, foi necessário que os responsáveis mediassem a ação da criança com os recursos tecnológicos e com os conteúdos escolares, participando ativamente de seus estudos”, pontua.

Ela ainda comenta que foram grandes os desafios enfrentados pelos responsáveis, mas que esse trabalho foi essencial no desenvolvimento das crianças e adolescentes. “Muitos pais, no entanto, tiveram dificuldade em fazer esse acompanhamento por conta do próprio trabalho ou por outras razões. As famílias que se envolveram com seus filhos desempenharam um papel significativo na aprendizagem, no conhecimento e no engajamento dos alunos com as tarefas escolares”, diz.

A psicóloga recomenda a criação de um espaço para que as crianças possam realizar suas atividades de forma adequada e, principalmente, o estabelecimento de uma rotina de estudos, durante o isolamento social. ”As atividades físicas são elementos importantes na rotina da criança e, agora que há a possibilidade de sair de casa, com todos os cuidados necessários, os pais podem administrar com seus filhos uma caminhada, por exemplo, visto que o contato com espaços abertos ajuda no aprendizado, na redução do estresse e do cansaço”, esclarece a professora Fernanda.

Com a duração inesperada da quarentena, o ensino online tomou o lugar das aulas presenciais. Foi necessária uma grande adaptação para que o ensino remoto fosse ajustado adequadamente e, de acordo com estudos, as fases mais prejudicadas foram o 1° ano do ensino fundamental e o 3° ano do ensino médio. No caso do ensino médio, os alunos foram impulsionados à evasão escolar e o medo do fracasso acadêmico, principalmente neste período.

 “Se a escola é uma via importantíssima por ser uma grande agência de letramento, o papel do professor é fundamental porque ele será o mediador nesse processo para que a criança possa alfabetizar-se e desenvolver-se bem em termos de seu letramento”, ressalta a professora Cássia sobre a grande importância dos docentes e de novas estratégias no processo de alfabetização, para despertar outros estímulos e o desenvolvimento de crianças e de adolescentes. 

Foto: Renata Moraes

Giovana Vasconcelos
ACOM/UNITAU