Força, amor e doação

14/03/2020 21h25 ⋅ Atualizada em 03/04/2020 18h22

Extensão, Dia da mulher, Perfil, Docente, Enfermagem

 

Foi num hospital da cidade grande, São Paulo, que se ouviu o choro da pequena Eliana Fátima. Enquanto conhecia o barulho das ruas, seu pai, metalúrgico, se atentava ao das máquinas. E foi por conta da profissão desse senhor que Eliana, aos oito anos, se mudou para o interior do Estado. Caçapava então acolheu a futura docente e extensionista, que empoderou o Programa de Atenção Integral ao Envelhecimento (PAIE) da Universidade de Taubaté. “Quando vim estudar, não sabia que iria para a docência, mas sabia que algo iria mudar! Antigamente, não existiam tantas mulheres independentes, que trabalhavam e até davam aula... E é isso que essas mulheres que vêm para o programa e que, muitas vezes, não tiveram essa oportunidade conseguem ser e fazer hoje!”, conta Eliana.

O jaleco no corpo e as mãos cobertas com luvas brancas dão início à história de Eliana com o ensino superior. O curso de Enfermagem confirmou o cuidado que esta mulher oferecia às pessoas desde os seus momentos de voluntariado na infância. Depois de algumas páginas viradas no calendário, iniciou a sua caminhada pela docência, com as aulas de Gerontologia. E, logo em seguida, a extensão começou a tomar conta de suas dedicações. “Essa questão da extensão é, justamente, estar voltada à comunidade. Estou ligada a ela há muito tempo, acho que já faz parte de mim e eu faço parte dela”, descreve a extensionista.

O som da máquina de costura foi a trilha sonora do início de sua afeição aos idosos. Nessa época, muitos sonhos se esvaíam com a ditadura militar, que dominava o Brasil. Entretanto, aumentava em Eliana, a cada movimento da avó nas roupas que confeccionava, a admiração pela força de uma mulher vencer as dificuldades propostas pela sociedade. Foi a sua firmeza em reafirmar o seu espaço que fez com que, quando enfermeira, não deixasse decidirem sobre a sua atuação, e, quando docente, lutasse contra os julgamentos de que era necessário um homem para coordenar um projeto acadêmico.

A dedicação de Eliana é novamente evidenciada após os ruídos dos aparelhos do hospital receberem Dona Maria (nome fictício), participante do PAIE. As sequelas na visão e no movimento dos braços e das pernas podiam ser percebidas. Mas a senhora afirma que a sensação de felicidade que o programa proporcionava foi um dos motivos da sua recuperação. Apontado: a extensão é necessária! “Ela mostra à comunidade que a Universidade não tem muros, as pessoas podem ver a UNITAU como as suas próprias casas, que está sempre de portas abertas”, confirma Eliana.

E é no “gigante prédio do Bom Conselho”, como descreve a docente, que ela foi apresentada à profissão e às questões relacionadas ao ser humano. Atualmente, percorrendo os corredores, ela observa os resultados de seus esforços: idosos interagindo com os jovens. Ali se apresenta o conhecimento e o respeito pelo processo de envelhecimento. Além disso, ela também aprecia o exemplo, em relação ao espaço da mulher, ao constatar as mulheres que atuam na gestão da UNITAU. “Então, a Universidade nos dá o exemplo de que temos conhecimentos e somos capazes! Não menosprezamos os homens, mas mostramos que estamos sempre agindo”, conclui Eliana.

O dia 13 de março de 2020 encerrou os trinta anos dedicados por ela à UNITAU. Novamente, as lágrimas apareceram. A mensagem final que Eliana Fátima quer passar às outras mulheres é justamente sobre esse sentimento transbordado em seus olhos, “Muitas vezes escutamos que nós choramos muito... Isso não é fraqueza, é reafirmar que a emoção é forte. Nós choramos, mas não deixamos de fazer nada enquanto as lágrimas estão rolando. Não são elas que vão nos segurar!”

Nathalia Querol - texto Isabel Bazzanella - fotografias

ACOM/UNITAU