Alimentação variada, rica em frutas, vegetais frescos, alimentos de época podem ajudar na recuperação da covid longa. Foto: Arquivo/UNITAU

Professora da UNITAU lança livro 'Nutrição e Síndrome Pós-COVID-19' para ajudar profissionais e pacientes no combate à covid longa

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07/06/2023 08h33 ⋅ Atualizada em 07/06/2023 14h54

pesquisa, Editora, Nutrição

 

Dificuldades para realizar pequenas atividades da vida cotidiana, como o trabalho ou as tarefas domésticas, fadiga, falta de ar e fraqueza muscular. Esses são alguns dos sinais da covid longa, que pode afetar até mesmo pacientes assintomáticos ou com casos leves e moderados da doença.

Para ajudar na recuperação desses pacientes, que deixaram de ser positivos para SARS-CoV-2 mas ainda têm a qualidade de vida comprometida pela covid, a Profa. Dra Roberta de Lucena Ferretti lança o livro Nutrição e Síndrome Pós-COVID-19 (COVID Longa). A publicação faz parte da coleção Nutrição clínica: fundamentos metabólicos, fisiopatológicos e nutricionais, da Editora UNITAU, e está disponível gratuitamente neste link.

Ouras queixas relatadas por pacientes com síndrome pós-covid-19 são a diarreia, a alopecia (queda de cabelo), a perda de memória, a ansiedade e o distúrbios do sono. De acordo com a Profa. Dra. Roberta, a boa notícia é que existem várias evidências científicas e práticas que demonstraram que a nutrição pode auxiliar muito na recuperação da covid longa.

“A nutrição pode auxiliar no aumento da ingestão de nutrientes, de compostos bioativos com atividades anti-inflamatórias e de imunoestimulantes, promovendo a recuperação do estado nutricional comprometido em diferentes níveis nos pacientes acometidos pelo Sars-Cov-2”, conta a professora.

De acordo Roberta, a alimentação bem variada, em frutas, vegetais frescos, alimentos de época, de forma geral, e a boa hidratação, além de evitar ao máximo o consumo de alimentos processados e ultraprocessados, pode ajudar muito. Além disso, ela conta que a dieta mediterrânea tem ganhado a atenção dos pesquisadores.

“Ela é altamente recomendada para pacientes com síndrome pós-covid-19, por seu papel na redução dos marcadores de inflamação. Considerando a associação entre infecção viral, sistema imune, inflamação e dieta, recomenda-se a ingestão de frutas, de vegetais, de cereais integrais e de leguminosas, de peixes, de aves, de carnes magras (mais raramente), de ovos, de queijos com baixo teor de gordura e do azeite de oliva extravirgem como principal fonte de gordura. O vinho tinto também está nesta lista, porém, em caso da impossibilidade de ingestão de bebidas alcoólicas pelo paciente, o mesmo não deve ser indicado”, afirma a professora.  

Cuidados com a suplementação

Embora seja um recurso importante utilizado por especialistas no tratamento da covid longa, a suplementação só deve ser adotada com prescrição e acompanhamento profissional. A Profa. Dra. Roberta alerta que a indicação é específica para cada pessoa e deve levar em conta o quadro geral de cada paciente.

“Importante lembrar que os suplementos devem ser utilizados com prescrição nutricional ou médica, e o uso indiscriminado desses suplementos podem trazer sérios problemas. Procure atendimento    nutricional    individualizado, pois, assim, o nutricionista fará sua prescrição dietética completa, considerando diagnóstico clínico, medicamentos utilizados, condições clínicas atuais, sintomas da covid longa, diagnóstico nutricional e a necessidade nutricional, dentre outros”, afirma.

São vários suplementos que podem ser utilizados, artesanais (com ingredientes dietéticos), industrializados, hipercalóricos, hiperproteicos. O benefício é atingir algum objetivo quando a alimentação tradicional não está sendo suficiente para as necessidades nutricionais diárias, seja pela redução da ingestão, ou pelo aumento do catabolismo, efeitos causados pela doença etc.

Sinopse

O livro Nutrição na Síndrome Pós-COVID-19 (COVID longa), faz parte da coleção Nutrição clínica: fundamentos metabólicos, fisiopatológicos e nutricionais, da Editora UNITAU.

Em 05 de maio de 2023, A Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou o fim da emergência de saúde global da pandemia de covid, uma notícia muito esperada que precisou de longos 40 meses para ser dada a um mundo que assistiu a aproximadamente 7 milhões de mortes (número real que pode ser muito superior) e um caos em vários aspectos. De acordo com o chefe da OMS, há mais de um ano a pandemia está em tendência de queda e citou a vacinação como um dos fatores determinantes.

Importante destacar que foi declarado o fim da covid-19 como uma emergência de saúde global, entretanto, a doença ainda tira uma vida a cada três minutos em nível mundial, milhares de pessoas estão em hospitais e em unidades de terapia intensiva. Adicionalmente, milhões de pessoas vivem com efeitos da covid-19, ou covid longa.

No início da pandemia da covid-19, anunciada em março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), dificilmente alguém teria pensado que a doença poderia ser crônica. O agente causador de covid-19 é o coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2). Naquele momento da pandemia, pouco se sabia sobre a doença, e devido à necessidade de muitos nutricionistas que estavam trabalhando na linha de frente em hospitais, veio a necessidade de produzir uma obra com informações relevantes, a fim de auxiliar estes profissionais em relação ao suporte nutricional a pacientes hospitalizados com covid-19. Assim, foi publicado o livro, desta mesma coleção, Terapia Nutricional para Pacientes Hospitalizados com covid-19.

No entanto, os casos de covid-19 de longa duração começaram a ganhar força entre os grupos de apoio social, e o termo síndrome pós-covid-19 (ou covid longa, ou sequelas pós-covid-19) começou a ganhar reconhecimento nas comunidades científicas.

Já foram propostas diferentes descrições de covid longa, porém, a descrição mais comum são os sintomas que duram mais de três meses após o início do primeiro sintoma. Os pacientes podem apresentar muito cansaço ao longo do dia, muito mais que o normal, falta de disposição para realizar as atividades de rotina simples, muito sono, fraqueza muscular e desânimo, dentre outros…

Curiosamente, a covid longa não acomete apenas aqueles que apresentaram a doença nas formas moderada ou grave, os que necessitaram de hospitalização, suporte ventilatório, dentre outros, mas pode acometer mesmo as pessoas que apresentaram a forma leve, ou os assintomáticos. Fato é que a fisiopatologia é bem complexa, e os cuidados nutricionais são específicos e necessários para garantir o bom estado nutricional do indivíduo, colaborando, desta forma, com a melhora da qualidade de vida.

Em suma, esta obra visa fornecer o entendimento atual do que se sabe sobre covid longa, e as melhores abordagens dietoterápicas e/ou de terapia nutricional para esta condição.

ACOM/UNITAU