Consumir conteúdos antirracistas, como livros e documentários, é meio de combater a discriminação racial (Foto: Leonardo Oliveira | ACOM/UNITAU)

Dia Internacional Contra a Discriminação Racial é marco para luta antirracista

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20/03/2023 18h38

Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, Diversidade, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável N°10, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ONU, ODS ONU

 

Os primeiros povos africanos chegaram em solo brasileiro em meados do século 16. Arrancados de suas terras, eles foram obrigados a trabalhar com a agromanufatura, além de terem a cultura retirada de si. Cinco séculos depois, o Brasil ainda convive com os estigmas deixados pela escravidão. Neste cenário, a luta antirracista deve estar presente em todos os setores da sociedade, combatendo os mais diferentes gêneros de racismo, como o religioso, por exemplo. 

Em 1966, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 21 de março como o “Dia Internacional Contra a Discriminação Racial” para enfrentar a diferenciação étnica. Entretanto, após quase 60 anos, pessoas pretas seguem sofrendo com situações discriminatórias. O Prof. Me. Avelino Alves Barbosa Junior, do curso de Direito da Universidade de Taubaté (UNITAU), ressalta que a data não é comemorativa, e, sim, reflexiva. “Não é uma celebração, pois, quando queremos eliminar algo, não há o que comemorar. Mas a data serve como marco para que as pessoas racistas mudem seus pensamentos e condutas”, afirma.

No último mês, o racismo religioso tomou a pauta nacional, depois de alguns participantes de um reality show discriminarem outro devido à sua religião de matriz africana. A intolerância religiosa é crime previsto no Código Penal Brasileiro. É ilegal fazer escárnio público por motivo de crença ou em função da opção religiosa, assim como impedir e perturbar a realização de um culto religioso.

Ainda em fevereiro, as páginas do livro “Amoras” também foram alvo de racismo religioso, em Salvador, na Bahia. Um dos exemplares foi riscado com várias mensagens preconceituosas de uma mãe de aluno. Em uma delas, havia a indicação de que a informação sobre a origem da humanidade na África era falsa.

A universitária do 10º período de Medicina e presidente do Coletivo Negro Luísa Mahin, Bruna Helena de Albuquerque, destaca que é preciso ser antirracista diariamente, combatendo os mais diferentes tipos de discriminação. “Ler e buscar conteúdos antirracistas, investir no autopoliciamento e no autoconhecimento para tomar consciência sobre situações nas quais somos racistas sem perceber, implementar transformações de ambientes e de relações ao inserir negros em posição de poder e afeto, exercer o direito ao voto em candidatos interessados na pauta”, acrescenta.

O mesmo posicionamento acerca de ações mais rigorosas do Poder Público é defendido pelo Prof. Avelino. “Os estigmas da escravidão ainda permanecem no corpo social, porém já tivemos épocas aterrorizantes. Hoje, podemos falar e exigir dos Poderes Públicos uma melhoria nas Políticas Públicas. Enquanto não houver educação para todos, e espaço para a cultura, ainda veremos, infelizmente, pessoas sofrendo sem direitos. (...) É fácil observar esses estigmas, como nas muitas vezes em que os empregadores abusam e humilham as empregadas que não têm um alto grau de escolaridade”, finaliza.

Colaboração: Samuel Guimarães - ACOM / UNITAU