Lodo de malte é alternativa sustentável para fertilizantes, aponta pesquisa da UNITAU

12/04/2022 20h13 ⋅ Atualizada em 14/04/2022 09h24

Meio Ambiente, Sustentabilidade, Agronomia, Agroecologia, Pós-graduação, Graduação, Pesquisa

 

Uma pesquisa realizada no Departamento de Agronomia da Universidade de Taubaté (UNITAU) procura substituir o uso de fertilizantes por lodo de malte. O estudo, que está em andamento, tem mostrado resultados promissores em uma cultura de milho.

Contando com a participação de alunos da graduação e da pós-graduação, foram plantadas 20 culturas de milho, cada uma de 25m², divididas em três partes. Em uma delas, foi utilizado um fertilizante; em outra, o lodo de malte; a terceira contava apenas com os nutrientes do solo. Na plantação, foram aplicadas três toneladas de lodo, cedidas pela Malteria do Vale ao experimento.

O Prof. Dr. Paulo Fortes Neto, responsável pela pesquisa, conta que o projeto surgiu a partir da ideia de comprovar a qualidade agronômica do lodo de malte para a agricultura. “É uma linha de pesquisa que busca a valorização de resíduos orgânicos por meio do estudo da borra do lodo biológico proveniente do malte”, explica o especialista.

O experimento começou em outubro de 2021. Os grãos foram colhidos em março de 2022 e estão em análise no laboratório de sementes. Segundo o professor, até o momento, as espigas apresentaram ótimo desenvolvimento e a pesquisa é promissora em relação à substituição. “Nós conseguimos fazer com que a produção que utiliza o lodo seja tão rentável quanto a que utiliza fertilizantes”, afirma.

Considerando o momento de tensão gerado pela guerra entre a Ucrânia e a Rússia, o estudo pode auxiliar a indústria da agricultura, uma vez que os fertilizantes são importados em grande quantidade da Rússia. De acordo com um levantamento feito pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), aproximadamente 85% do fertilizante usado no Brasil é importado.

Além dos benefícios econômicos, também há o fator ambiental. O lodo de malte é orgânico, estimula a produção de nutrientes no solo e melhora a absorção de água, tornando o terreno mais rico. Outra vantagem é a versatilidade do uso. “O lodo pode ser aplicado em qualquer cultura. Resultados mostram a possibilidade de reduzir ou até mesmo de não usar fertilizantes em qualquer plantio”.

A pesquisa deve ser finalizada em abril. Após a comparação dos dados e o cálculo dos custos, a última etapa será o registro do estudo no Ministério da Agricultura para que o lodo possa ser utilizado como produto agronômico.

 

Isabela Vieira

ACOM/UNITAU