Especialista em saúde pública alerta sobre a importância da higienização correta das mãos

05/05/2021 10h36 ⋅ Atualizada em 07/05/2021 14h12

Destaque, Pandemia, Higienização, Protocolos de biossegurança, Coronavírus

 

Higienizar as mãos sempre foi um ato essencial para a prevenção de diversas doenças. Com a pandemia, causada pelo novo coronavírus, essa atitude se tornou ainda mais importante para evitar a contaminação e a proliferação do vírus. Com o intuito de melhorar a frequência de higiene das mãos dos profissionais da área da saúde e da população, a Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu o dia 5 de maio como o “Dia mundial de higienização das mãos”.

Para explicar sobre a importância desse ato e como ele pode impedir diversas doenças, convidamos a Profa. Dra. Maria Stella Amorim Zöllner, médica especialista em saúde pública, diretora do Departamento de Medicina da Universidade de Taubaté (UNITAU) e coordenadora do projeto de extensão Saúde na educação. A professora, que também atua na área de epidemiologia, esclarece mitos e verdades sobre a higienização correta das mãos.

Um estudo feito nos Estados Unidos em 2013, pela Michigan State University, e baseado na observação do comportamento de 3.749 pessoas em banheiros públicos, mostrou que: 33% não usaram sabonete ao lavar as mãos, 10% sequer lavaram as mãos e apenas 5% lavaram as mãos por tempo suficiente.

Professora, como seria uma higienização ideal das mãos, levando em consideração os produtos utilizados, o tempo e a técnica?

Lembrei-me até de uma experiência pessoal, de observar uma pessoa não lavando a mão em um shopping center uns tempos atrás. Na verdade, quando você usa o banheiro, você deve lavar a mão antes e depois, porque você vai tocar nas suas partes íntimas com uma mão que deve estar limpa, não é? Lavar a mão é lavar a mão inteira, não é só mostrar para a água, então é colocar debaixo d’água, umedecer, colocar sabão e fazer o movimento de esfregação, entre os dedos, caprichando nas dobrinhas e em todas as superfícies da mão e enxaguar. Eu lavo duas vezes, isso já é uma rotina minha, para caprichar. Se for torneira de rosquear, eu pego papel toalha, seco a minha mão e fecho a torneira com papel toalha, para não sujar minha mão pegando naquele mecanismo de fechar a torneira. Então, na verdade, é o ato de caprichar, e isso passa a ser automático e você faz com a maior tranquilidade.

Quais são as principais doenças causadas pela falta da higienização adequada das mãos?

Inúmeras doenças. Todas que são relacionadas à transmissão por micro-organismos. A população se esquece de algo importantíssimo no outono e no inverno: a gripe. O vírus gripal pode estar sob superfícies e então quando ‘se toca ali’, ‘toca-se na face’. A lavagem de mãos é essencial na prevenção da gripe, da Covid-19, de doenças parasitárias, entre outras. Eu amo os animais e sempre faço a lavagem de mãos posteriormente ao cuidado com o animal. Todas as doenças de transmissão de vírus, de bactérias, de vermes, são combatidas quando você faz uma coisa tão simples, que é lavar bem as mãos.

Sabão antibacteriano é mais eficiente que sabão normal? Quais as diferenças entre eles?

Para uso geral, de pessoas comuns, que não são da área técnica, água e sabão ‘normal’ são ótimos. Seja o sabonete ‘super top’ ou um pedaço de sabão em barra, daquele mais comum, se for bem caprichado, está ótimo. Hoje em dia, mais ainda. Chegou da rua, lave a mão de forma bem caprichada com água e sabão. Nós (profissionais da área da saúde), que lidamos com doenças, geralmente usamos um sabonete antisséptico líquido, com todo um protocolo, com o uso de um dispenser especial para não contaminar. Mas na falta de um sabonete com essas propriedades maiores, água e sabão, no capricho, são uma maravilha.

Álcool em gel substitui a higienização das mãos? Qual o papel de um e de outro?

O que interessa é lavar as mãos com água e sabão, essa é a grande verdade. Se eu estou na minha casa, no consultório ou no trabalho– logicamente com máscara e todos os protocolos de distanciamento– e tenho uma pia, água e um sabão, é claro que optarei por lavar as mãos. Mas, se eu estou na rua, em um local em que não há essa estrutura, ou seja, uma pia com água corrente e um sabão, eu substituo, na emergência, pelo álcool em gel. Se eu quiser caprichar a higienização, além de lavar a mão com água e sabão, mesmo no meu ambiente de domicílio, posso passar o álcool posteriormente. Eu falo muito o seguinte: passar o álcool é ‘a cereja do bolo’, mas ‘fazer e confeitar o bolo’ é lavar com água e sabão, de forma caprichada.

A falta dessa atitude poderia levar à morte? O que a população precisa saber sobre a higienização das mãos?

Lavar as mãos leva à prevenção de um número absurdo de doenças. As práticas de lavagem de mão e o uso de máscara– por conta da pandemia– tem sido vitoriosa também na prevenção de outras doenças. Estamos notando que quem põe em prática essas ações diminui a frequência de muitas doenças respiratórias, resfriados, gripes e infecções de vias aéreas. A gente observa isso porque houve uma prática de higiene básica, a mais simples de todas, e que dá muito certo. Então, lavar a mão salva sua vida e não custa nada. Algo tão simples! E devemos lembrar de uma coisa importante: a nossa mão, se nos distrairmos, vai ao olho, vai à boca, e é aí que ela traz vírus e bactérias. Temos de ter esse hábito de nos vigiar também. Conservar a lavagem de mãos salva sua vida e a de outras pessoas próximas a você. São práticas de saúde muito simples e vitoriosas.

Higienize suas mãos corretamente e com frequência.

Foto: Leonardo Oliveira

Bianca Guimarães
ACOM/UNITAU