Professor neuropediatra faz apelo no Dia mundial de conscientização do autismo

01/04/2021 15h36 ⋅ Atualizada em 06/04/2021 16h31

Conscientização, Acontece, UNITAU, Dia mundial de conscientização do autismo, Autismo, Medicina, Jornalismo, Ex-aluno, Comunidade

 

O dia 2 de abril foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para representar o Dia mundial de conscientização do autismo e para, de diversas formas, levar informação à população sobre o autismo, com o propósito de reduzir a discriminação e o preconceito contra os indivíduos que apresentam o transtorno.

O Prof. Dr. Alexandre Serafim, neuropediatra e professor do Departamento de Medicina da Universidade de Taubaté (UNITAU), esclarece sobre o transtorno do espectro do autismo. “O autismo é um transtorno comportamental associado à operação do desenvolvimento neurológico de uma criança. O diagnóstico se baseia em critérios clínicos que levam em consideração dois fatores principais: a comunicação e o comportamento”, explica o professor. O neuropediatra comenta que esses fatores são relacionados à linguagem verbal (a fala) e à linguagem não verbal, à forma de se comunicar, de se socializar e de interagir.

Também é avaliado o comportamento da criança, como características repetitivas ou restritivas. O autismo se manifesta nos primeiros anos de vida, e o professor explica como os testes e terapias são essenciais para o desenvolvimento da criança. “Quando a criança é pequena, ela pode ter alguma alteração cerebral, metabólica ou auditiva que pode parecer autismo, mas fazendo avaliações você pode descartar essa hipótese, pois alguns transtornos têm comportamentos parecidos”, revela o professor.

“Se você tem o diagnóstico o mais precoce possível e introduz o tratamento também o mais rapidamente possível, minimiza muito a evolução do autismo para a adolescência e para a fase adulta. Eu, por exemplo, tenho um paciente adolescente que foi diagnosticado quando criança, que consegue ter um convívio social melhor, desenvolve mais a fala, aceita mais ambientes diferentes, consegue certa independência, mas isso depende muito da variação clínica do autista”, expõe.

O neuropediatra também explica que a inserção do autista na escola requer cuidados. “Os professores precisam de orientações de terapeutas e de pedagogos para preparar o ambiente e, assim, perceber as capacidades da criança. Algumas das principais dificuldades encontradas pelos autistas são: interação social, dificuldades para dormir, se alimentar e por isso é importante que a avaliação seja feita o quanto antes para que as comorbidades sejam tratadas e minimizem o impacto frente à sociedade”, diz.

Dabayatã Chinaqui, de 24 anos, é um dos exemplos de que os obstáculos podem ser superados. O jornalista, formado em 2018, pela UNITAU, conta que sua experiência na universidade foi enriquecedora e que, por conta disso, pode ter contato com diversas áreas do jornalismo, a sua carreira dos sonhos. “Eu não encontrei dificuldade (por conta do transtorno do espectro do autismo), pois já sei ler e escrever muito bem”, relata. “Já desenvolvi atividades de rádio, de design, na TV, em documentários e já gravei entrevistas para diversos veículos de comunicação”, relata o egresso.

E os sonhos não pararam na graduação “O meu maior objetivo é estudar ainda mais, realizar uma segunda graduação, pós-graduação e cursos relacionados à minha área. Também desejo trabalhar na rádio e na TV e me mudar para uma grande metrópole”, finaliza o jornalista.

O Prof. Dr. Alexandre ainda faz um apelo para a população. “A comunidade precisa entender que o autista é uma pessoa como qualquer outra, que também tem seus sentimentos, suas frustrações, ansiedade, limitações, como qualquer outro, e essas diferenças devem ser respeitadas”.

Foto: Leonardo Oliveira

Bianca Guimarães
ACOM/UNITAU