Professor esclarece mitos e verdades sobre a água e oferece dicas de economia

22/03/2021 14h19 ⋅ Atualizada em 25/03/2021 15h19

Meio Ambiente, Dia mundial da água, Dicas, Comunidade, Acontece, Agronomia, UNITAU

 

Em 22 de março de 1993, pela primeira vez, foi comemorado o Dia Mundial da Água. A data ficou marcada por celebrar e conscientizar a população sobre a importância da preservação desse recurso natural. Com a chegada do novo coronavírus e as medidas impostas pela pandemia, as pessoas começaram a passar mais tempo em casa e, consequentemente, o consumo de água aumentou. É fundamental que a população entenda a importância desse “combustível” e passe a preservá-lo.

Separamos 10 mitos e verdades sobre a água e, para esclarecer cada um deles, convidamos o Prof. Dr. Marcelo dos Santos Targa, especialista em hidrologia.

1. Um dia a água irá acabar.

“Isso é um mito, porque na realidade a água circula pelos diversos elementos do ciclo hidrológico, hora está no solo, subterraneamente, em aquíferos, na atmosfera, depois vira nuvem, chove, evapora, vai para o oceano e esse ciclo nunca acaba. O que vai acontecer é que a água vai se tornar indisponível quando o ser humano precisar, porque muita gente usou excessivamente”.

2. Boa parte da população do planeta não tem acesso à água potável.

“Sim, é verdade. Temos 2,1 bilhões de pessoas sem acesso à água potável, isso é, três entre dez pessoas. Além disso, 4,3 bilhões de pessoas não dispõem de saneamento básico, seis entre dez”.

3. Alguns países já sofrem com a escassez de água.

“É verdade, em torno de 17 países passam por uma grave crise de água e mais da metade deles está localizado no Oriente médio, como o Kuwait, Barhein, Arábia Saudita e aqui na América o México e o Chile sofrem com a escassez de água também”.

4. O consumo mundial de água aumenta a cada ano.

“Sim, isso é verdade, o consumo mundial de água está relacionado às melhorias de condição de vida e a gastos excessivos, que aumentam a cada ano, além da área de agricultura irrigada, que aumenta todo ano, e, se aumenta a área irrigada, aumenta o consumo de água. Segundo dados da ONU, desde a década de 80 o consumo de água aumenta 1% ao ano”.

5. Nos próximos anos o planeta pode passar por uma grande crise de abastecimento de água.

“Sim, pode sim, pois não se consegue reduzir o consumo excessivo de água e nem o aquecimento global. Além das ações de conservação serem locais, elas dão um efeito de contribuição razoável. Se todos se unissem para realizá-las, teríamos um resultado muito melhor, mas, na maioria das vezes, essas ações não têm continuidade”.

6. Tomar banhos rápidos, fechar a torneira enquanto escova os dentes e quando vai limpar a louça com detergente, realmente podem auxiliar na preservação da água.

“Sim, porque são atividades realizadas diariamente e, ao modificar o seu comportamento, você pode ter uma grande redução no consumo de água. Escovar os dentes com a torneira aberta gasta em torno de 10 litros de água. O simples fato de você fechar a torneira enquanto escova os dentes faz com que você, provavelmente, não gaste mais que um copo de água”.

7. Se um dia a água doce acabar, consumir água do mar é uma alternativa possível.

“A água doce não vai acabar, só vai ficar indisponível quando precisarmos porque se extrai excessivamente. Mas a água do mar já é utilizada em muitos locais, como em Israel, por exemplo, mas o custo de retirar o sal é muito elevado. Enquanto uma garrafa de água mineral com 300 ml custa, em média, R$1,50, uma garrafinha de água dessalinizada pode chegar a custar duas ou três vezes mais”.

8. As indústrias consomem mais água do que a população.

“É verdade, no mundo todo. Os dados da ONU comprovam que a indústria consome cerca de 20% da água doce do planeta. Aqui no Brasil, por exemplo, cerca de 10% da água doce é utilizada pela indústria”.

9. Sem água, doenças tendem a surgir com mais facilidade.

“Com certeza, por dois motivos: você fica mais fraco e também pela questão da falta de higiene, que depende da água. Veja nesta pandemia, uma das maiores recomendações é lavar a mão com água e sabão, o que fez, inclusive, que o consumo de água aumentasse também”.

10. A falta d’água compromete a produção de alimentos.

“Sim e muito, pois os vegetais são compostos por 70% de água e é a água que leva nutrientes para os vegetais. Além disso, a irrigação consome 52% da água doce do planeta. Então, se não tiver água, as áreas irrigadas serão reduzidas e, consequentemente, teremos a redução da produção de alimentos”.

O professor também alerta sobre a importância da economia de água e sobre como a sua reutilização é uma excelente alternativa. “Nas indústrias, deve-se utilizar água de reuso e a captação de água em telhados para uso em atividades que não colocam em risco a saúde humana. Também deveria ser feito o controle da irrigação e o uso de sistemas mais eficientes que promovem melhor uso da água, reduzindo as perdas”, explica.

Durante a conversa, o docente citou pequenas mudanças de hábitos que são essenciais para o futuro da água. Confira as dicas a seguir:

1. Reduzir o tempo do banho;

2. Fechar a torneira ao escovar os dentes;

3. Passar detergente em toda a louça e enxaguar de uma só vez;

4. Reaproveitar a água da máquina de lavar para usos que não envolvam o consumo;

5. Não lavar calçadas com mangueira;

6. Implementar a descarga com válvula de duplo acionamento;

7. Verificar e corrigir quaisquer vazamentos;

8. Fechar bem as torneiras;

9. Lavar o carro com baldes;

O programa de pós-graduação em Ciências Ambientais da Universidade de Taubaté (UNITAU) já realizou diversas pesquisas referentes à bacia do rio Una, que abastece os municípios de Tremembé, Pindamonhangaba e Taubaté.

O aumento da sedimentação do rio inviabiliza a cada dia a captação de água. Também há necessidade do desassoreamento do rio (retirada da areia), para minimizar problemas de inundação.

O programa desenvolvido pela UNITAU realizou a estruturação e a disponibilização de um banco de dados ambientais da bacia hidrográfica do rio Una e fez um levantamento das áreas de recarga e dos recursos hídricos subterrâneos da bacia do Paraíba do sul. Mais informações sobre a pesquisa podem ser conferidas aqui.

Bianca Guimarães
ACOM/UNITAU