Professor: O protagonista de histórias em momentos históricos

15/10/2020 11h20 ⋅ Atualizada em 20/10/2020 16h45

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São muitos os desafios enfrentados no dia a dia de um professor. A jornada de muito estudo e dedicação começa logo cedo, no período de graduação. Na Pedagogia, por exemplo, os futuros professores cumprem mais de 3.200 horas na grade curricular, além de somar experiências em horas complementares, em período de estágio e muito mais. Durante a pandemia causada pelo novo coronavírus, muitas profissões tiveram de se reinventar e, para o professor, não foi diferente. Em pouco tempo, o giz se transformou nas teclas do computador, do notebook ou de smartphones. A lousa, em telas dimensionadas em polegadas. E os abraços, em sorrisos – um pouco tímidos – nas câmeras abertas durante as aulas remotas.

Neste dia dos professores (15 de outubro), convidamos a Profa. Dra. Maria Teresa de Moura Ribeiro, diretora do Departamento de Pedagogia da Universidade de Taubaté (UNITAU), para contar um pouco sobre a história desses profissionais, que exercem um papel fundamental na construção da sociedade.

Professora, qual papel o professor exerce na sociedade?

O professor tem um papel muito importante: o de incentivar os alunos ao estudo, o de criar esse gosto de ler e mostrar esse processo maravilhoso e prazeroso de aprender. Ele é a pessoa que vai levar o aluno à reflexão, ao debate, à discussão de ideias, tendo um papel muito amplo e muito importante na nossa sociedade. A informação está disponível para todo mundo que tem acesso às redes sociais, aos livros... e o professor é a pessoa que pode ajudar o aluno a transformar essa informação em conhecimento, que pode ensinar a saber lidar, a saber filtrar e a separar o que realmente faz sentido e o que é verdadeiro.

E quais são os desafios de um professor hoje em dia?

Eu acho que o professor tem vários desafios. O primeiro é a profissionalização do trabalho dele. Existe uma visão de que qualquer um pode ser professor e, quando pensamos isso, cria-se uma desvalorização dos saberes da profissão. O docente precisa saber o que ele vai trabalhar com os alunos, entender quais as fontes ideais para se ter a informação. Ele precisa realmente conhecer o aluno, entender quem ele é para saber de que maneira esse aluno pode aprender melhor e compreender a didática, então isso já é um desafio. O docente também tem desafios que passam pela discussão do papel da família e da escola no processo da educação. Existe, hoje, uma confusão quanto a isso. Eu entendo que ambos precisam trabalhar em conjunto, pois os dois têm papéis importantes, em dimensões diferentes, na educação das pessoas, mas necessitam trabalhar não como adversários, mas em parceria, pensando em que tipo de aluno queremos formar, qual mundo queremos construir. Isso tudo passa pela mão do professor. Ele também precisa se preparar para trabalhar com a inclusão, não só de deficientes, mas da diversidade de famílias e suas constituições. Acho que são desafios muito grandes que passam pela responsabilidade das redes de ensino para garantir para o professor essa formação continuada e a valorização da docência.

Como é a sensação de formar colegas de profissão todos os anos?

Eu acho que isso é muito desafiador, pois a gente precisa desenvolver tanto os conteúdos, quanto a postura profissional, pois tudo isso faz parte da formação do professor. Precisamos que o docente seja engajado com a sua carreira, engajado com a escola, com as crianças, com o saber. Então, necessitamos de profissionais que gostem de aprender para formar pessoas que também gostem de tudo isso.

Qual a visão da senhora sobre os desafios encarados pelo professor em meio à pandemia?

Os professores estão diante de um grande desafio. Estamos em um momento de muitos aprendizados. Aprendemos muito em pouco tempo, sobre o uso de plataformas, sobre a tecnologia, sobre edição de vídeos... é diferente trabalhar olhando para os alunos, do que para as ‘bolinhas’ (ícone dos alunos durante as aulas remotas, em plataformas virtuais), vendo apenas o nome, as fotos. É um desafio manter a interação com eles. O distanciamento social, sentimentos de ansiedade e insegurança se refletem no processo pedagógico. Então, acho que o professor, além de ter esse momento de aprendizado, tem muito mais trabalho para fazer o ensino acontecer de maneira síncrona. Algo que trabalhamos muito na Pedagogia foi a organização dos alunos. Nós os orientamos para que eles se organizassem, fazendo uma planilha do que eles precisavam dar conta na semana. Foi interessante, pois muito alunos trocaram informações sobre isso, eles foram se ajudando, criou-se uma rede de solidariedade e de apoio muito bacana.

E diante de todos os desafios apresentados, qual o recado que a senhora, que tem mais de 30 anos de experiência com a docência, gostaria de deixar para todos os professores?

Em primeiro lugar, que eu sinto muito orgulho dos professores do Brasil. Nós conseguimos fazer a diferença na vida das pessoas, temos muitos relatos disso, de casos como ‘foi uma professora que não me deixou desistir’, ‘foi um professor que me marcou e me fez refletir sobre isso’, então nós temos um papel muito importante na vida e na formação de uma sociedade melhor. Não sabemos a extensão do nosso trabalho, plantamos boas semente, esperando colher bons frutos e não temos a dimensão disso. A nossa sociedade é fruto do nosso trabalho também. Nossa recompensa é ver o aluno que não desistiu, que se engajou e seguiu uma carreira de sucesso. Eu tenho orgulho dos professores!

Professor(a), o ensino nos une, não importa a distância! Parabéns pelo seu dia!

Foto: Leonardo Oliveira
ACOM/UNITAU