Professora da UNITAU aborda impactos psicológicos durante a quarentena

30/04/2020 08h28 ⋅ Atualizada em 30/04/2020 15h29

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A Universidade de Taubaté (UNITAU) vem realizando, semanalmente, o Festival UNITAU Virtual, evento totalmente online no Instagram da Instituição, que conta com transmissões ao vivo de professores, egressos e alunos dialogando com os seguidores sobre diferentes assuntos.

No dia 1º de abril, a Professora Monique Godoy, do Departamento de Psicologia, abordou em sua live os aspectos psicológicos e comportamentais durante o período de quarentena e quais as expectativas para o futuro, trazendo reflexões e recomendações de extrema importância para este momento.

A professora, inicialmente, buscou explicar a diferença entre os seguintes tópicos:

  • Distanciamento social é a medida inicial, ocorre quando as recomendações não são tão restritivas, sendo mais voltadas para a consciência de manter a distância de 2 metros de distância de outras pessoas ao frequentar ambientes coletivos;
  • Quarentena é a restrição de deslocamento, ou seja, as pessoas saem de casa apenas em situações emergenciais, buscando diminuir a proliferação do vírus;
  • Isolamento é indicado para quem contraiu o vírus, nesse caso o novo Coronavírus, e deve se manter sem contato algum com outras pessoas para evitar o contágio.

Após isso, enfatizou que todas essas medidas têm um grande impacto no comportamento das pessoas por serem uma quebra do cotidiano e da rotina, gerando reações adversas. “A principal delas é o medo e a ansiedade, que ocorrem por falta de informações adequadas ou até mesmo falsas. Outra reação é a raiva, pois, de certa forma, o indivíduo perdeu sua liberdade e autonomia, o que o deixa muito irritadiço. Sentimento de luto, alterações no sono e na alimentação são outros problemas que acabam sendo gerados nesse período”.

Segundo a psicóloga, muitas pessoas tendem a desenvolver também comportamentos compulsivos nesse momento, como lavar demais as mãos, uso abusivo de álcool, entre outros, o que prejudica, ainda mais, pessoas com quadro de transtornos psicológicos. “Essas reações podem ser duradouras, e não apenas temporárias”, afirma.

A professora deu algumas instruções de como evitar todas essas reações citadas. “Buscar informações apenas de veículos de comunicação oficiais, além de limitar o tempo de consumo desse conteúdo, evitando qualquer exagero, ajuda a enfrentar esse momento”.

Monique ainda enfatiza a importância de estabelecer rotinas de trabalho, de sono, de alimentação e de atividades físicas. Segundo ela, tentar reconstrui-la de forma parecida como era antes da quarentena é essencial, pois contribui para um senso de ordem e de segurança, já que aquela realidade e a disciplina que ela demanda já são conhecidas.

Mesmo seguindo todos esses cuidados acima citados, procurar um especialista ainda é indispensável. A psicóloga informa também que “o Conselho Federal de Psicologia autorizou o atendimento online por 30 dias para que, então, essas pessoas (do grupo de vulnerabilidade psicológica) consigam elaborar todas as questões junto com um profissional”.

Assim que tudo isso passar, o momento de pós-quarentena deve receber grande atenção também, visto que, apesar da sensação de que aquele momento já acabou completamente, os transtornos psicológicos desenvolvidos nesse período tendem a se estender.

Enquanto a quarentena não acaba, é necessário cuidar das pessoas que nos rodeiam, distraindo-as e amenizando, assim, o tédio. “Os idosos, principalmente, acabam ficando mais isolados nesse momento, por isso, a atenção se faz ainda mais necessária, por meio de uma ligação telefônica, por exemplo, buscando assim respeitar a quarentena”, afirma a professora.

Por fim, Monique afirma que a chave para enfrentar este momento é a resiliência familiar. “Unir-se e apoiar-se nesse período é essencial, buscando dar sentido a ele e entender que dominamos o que é possível e o que não é possível, devemos aceitar. Precisamos estar abertos a mudanças e respeitar a todos, procurando expressar nossos sentimentos e manter uma comunicação clara dentro de casa.” Ela, finaliza: “Essa quarentena é uma medida temporária, mas é mais do que tudo necessária. Quando nós aceitamos fazê-la, estamos sendo pessoas altruístas e solidárias umas com as outras”.

 

Fernanda Morais

ACOM/UNITAU