Ex-aluna assume Procuradoria Regional da República

12/01/2016 00h00 ⋅ Atualizada em 03/11/2019 09h46

 

Responsável pela análise de processos judiciais em segunda instância na esfera federal, a Procuradoria Regional da República da 3ª região (PRR3) recebe os casos dos Estados de São Paulo e do Mato Grosso do Sul, maior região na qual é dividido o órgão no país. Desde outubro, cabe a ex-aluna da Universidade Maria Cristiana Simões Amorim a coordenação dessa Procuradoria.

Entre os casos que passam pela PRR3 estão, por exemplo, questões criminais, envolvendo conflitos de terra e assuntos previdenciários.    

Maria Cristiana ingressou no curso de Direito da UNITAU em 1984. “Eu prestei Vestibular um ano antes e passei em Taubaté, mas estava pensando se moraria em São Paulo. Escolhi estudar em Taubaté”, disse ela, que tem tios, primos e outros familiares formados na Universidade. Assim que concluiu o curso, partiu para uma especialização, também na UNITAU.

Decidida e perseverante, a procuradora tinha em mente que queria prestar um concurso, já que não se via advogando. Sua meta era a carreira de juíza. Assim, prestou um concurso para a magistratura estadual. Contudo, aproveitando as oportunidades, prestou também um concurso para o Ministério Público Federal, no qual foi aprovada e assumiu uma vaga em 1995.

Mesmo já atuando, não desistiu do outro concurso realizado. “Era uma questão de honra para mim”, explica. A profissional foi aprovada no processo, mas, já envolvida com as questões da Procuradoria, decidiu não assumir a vaga e seguir com a carreira.

Em outubro, foi escolhida pelos demais procuradores para assumir a chefia, o que envolve, entre outras atividades, a coordenação administrativa do setor. “Continuo a trabalhar em meus casos, mas ganhei novas atribuições”, conta. 

Como procuradora, ela atua na área previdenciária e também na tutela do índio, minorias e quilombos.

Maria Cristiana explica que os processos já chegam para a Procuradoria em grau de recurso, ou seja, são processos que devem ser analisados com o objetivo de confirmar ou reformar a decisão anterior já proferida. “São questões muito sensíveis, muito difíceis, estamos lidando com pessoas, mas é um trabalho muito gratificante mesmo”, completou. 

Desafios e sucesso

“Para ingressar em uma carreira como essa você precisa estudar muito, eu dou aula em cursinhos e faculdade. Os alunos me perguntam como eu fiz para chegar onde estou, e eu respondo que estudei, e estudei muito.”

“Na época da faculdade eu estava sempre na biblioteca. A senhora que trabalhava lá elogiava a minha carteirinha, pois eu a guardava dentro de um envelope no caderno, então estava sempre impecável”, relembra.

Do período de estudante, ela guarda na memória também momentos como, por exemplo, o engajamento político dos estudantes. “Era época do movimento das ‘Diretas já’, depois teve a eleição para presidente, ia com alguns colegas de classe nos comícios dos candidatos, na Praça da Elektro [Praça Monsenhor Silva Barros]. Achava aquilo tão interessante e tenho bem marcado comigo.”

A procuradora também destaca o apoio dos professores. “Tive professores excelentes, que me incentivaram muito e que eu tenho até hoje como modelo, que me inspiraram a querer ser como eles.”

Entre os momentos difíceis vividos na carreira, ela relembra períodos em que teve sua segurança ameaçada devido à atuação profissional. Logo quando ingressou na Procuradoria, Maria Cristiana foi para a área criminal, e, pela atuação nos processos, foi ameaçada de morte, chegou a ser perseguida de carro ao sair de uma aula e precisou de escolta e proteção policial.

Contudo, isso não a fez rever a carreira, que considera uma verdadeira vocação. 

Vitor Garcez
ACOM/UNITAU